Acredito que se pense ou mesmo quem tenha a possibilidade de fazer melhor equilíbrio entre o trabalho e o lazer, mas … engane-se quem pensa que aqui não se trabalha! Ritmos diferentes, provenientes de culturas diferentes, com velocidades diferentes convivem e coordenam-se para fazer o País avançar, para conceder melhores condições de alimentação no dia a dia. Sim, porque aqui vive-se o dia de hoje, trabalha-se para o dia de hoje … povo a quem sonhar, planear nunca se apresentou como realidade. Falo do trabalhador mais comum, aquele que acorda, pelas 4, 5 da manhã para se apresentar no trabalho ás 8h, inicio da jornada diária.
A mim calha-me ás 5h, afim de sair ás 6h e de estar a trabalhar ás 7h. O trânsito assim o exige. Mas, ao Maurício, motorista que me acompanha, tem como hora de alvorada as 4:30, para sair de “algures” ás 5h e após apanhar 2 Táxis (coletivos), meio de transporte aqui usual e quase único entre a população, chegar ás 6h para arrancarmos no carro, rumo centro de Luanda… uns 35 Km…acho!
Não é um luxo ter motorista, é uma necessidade mesmo…em 1º lugar não faço a mínima ideia do caminho, em 2º lugar … após 22 anos de carta e a conduzir diariamente…não me sinto ainda á vontade para conduzir . . . sem regras mínimas de trânsito! Pelos carros ... que só não surgem do “ar”, pelas pessoas que atravessam vias rápidas vindas do nada e que nem se veem de onde surgem…e pelo receio, não que me batam no carro, mas de que seja eu a dar um toque em alguém…pois aí consta que os angolanos têm muito mau feitio…o seguro automóvel aqui é sempre mais teórico que prático…ou seja, preciso mesmo, mais depressa dispenso a senhora cá de casa que o motorista…e nunca me considerei uma pessoa “atadinha” a conduzir, mas ainda não estou preparada…tenho perfeita consciência disso.
Rumo escritório falamos, fazemos silêncio…há tempo para tudo, quer para lá, quer no regresso, ou em qualquer volta durante o dia. Mas é de uma educação e de um cuidado deliciosos…só fala quando falo com ele e aí mantem conversa, e cala-se quando me calo. Aqui é assim e em Roma sê romano.
Aparecia-me há dias sempre com algo embrulhado num bocado de jornal…questionei-o: “o que trazes aí, Mauricio?” … É a escova para tirar o pó dos sapatos, Senhora…J …é que como há muita terra e pó no ar, os sapatos nunca estão bem limpos, acrescenta J … mas podia ser qualquer coisa, o mais provável era ser algo para comer!
Ás 7:00 chego ao escritório, trato de papeladas para ler e assinar…ás 7:45 vou tomar café e regresso ás 8:00…pelas 8:30 arrancam os servidores da rede J, que dá acesso ao email e net (até ter pen de net), que se desliga automaticamente ás 17:30, hora a que saio para estar em casa pelas 19 h.
No regresso, leio o Jornal de Angola que me entregam de manhã, o Mauricio sabe que só converso com ele pelas 18:15, que é quando já não tenho luz para ler o Jornal, pois anoiteceu…e aí, sim, conversamos mais um pouco até chegarmos…regra geral pelas 19h…para ele apanhar os seus táxis…e chegar a sua casa pelas 20h…no dia seguinte aqui estará pelas 6h, com excepção de sábado que chega ás 6:30 (pois há menos transito) para regressarmos pelas 12h a casa…sábado de manhã trabalhamos J.
Adoro o rigor com que tratam os sapatos, tentando trazê-los sempre quase limpos, o que aqui é difícil para quem faz trabalho exterior…quando chegam, seja que trabalhador for, e que vêm sei lá eu de onde…de onde moram, por poças, lama, terras…etc, dá sempre um jeitinho nos sapatos…já vi fazer…uma esfregona, na copa, também serve para esse efeito…de tirar o chapéu! Sábado á tarde e domingo, descanso…para mim e para o Maurício! That´s not easy…but…I like it :-) !
Estou a gostar imenso de ir acompanhando o blog!
ResponderEliminarVai aos poucos...as historias são muitas, mas o tempo para escrever é curto...quando dá escrevo seguido e publico de imediato. Beijo Grande
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