Desde início que transmiti…mudar
o chip é fundamental, pois nada de nada é adquirido por estas terras.
Falo
concretamente, nestes dias que têm passado, da escassez de água e da falta de eletricidade
regular…vive-se praticamente de geradores. E claro que em dimensões e realidade
diferentes, esta é uma realidade que toca a todos.
Na rua vêem-se homens,
mulheres e crianças a carregar alguidares, baldes, bidons de água para levar
para o lar, ou casas como lhe chamam, digo-o porque de qualquer canto se faz um
lar, mas nem qualquer canto é na verdade uma casa …esta é a realidade, dura e
crua…nada fácil de observar, de nos imaginarmos nessas vidas… que á nossa volta
circulam e abundam!
Mas com em tudo…há que saber lidar com isso…e dentro das
nossas capacidades ajudar este Povo, este País a evoluir e não descorar o tanto
… que só de olhar temos para aprender!
Logo cedo, pelas 7 da manhã chego
ao centro da cidade para trabalhar…hoje nem a um café tive direito, pois a
esplanada onde o tomo por hábito ficou sem gasóleo para alimentar o seu gerador,
e não havendo eletricidade, sem gerador…nada feito!
Desde cedo, o barulho no centro
da cidade é inicialmente quase ensurdecedor … não por ser ruidoso a um nível
insuportável, mas por se ter constantemente um vrrrruuuuummm como barulho fundo… são os geradores dos prédios a funcionar…todos em simultâneo…porque nada é
adquirido…ainda nem o básico como a agua (e não falo da agua potável,
inexistente gratuitamente) …enfim, é o que há, e já foi bem pior há uns anos, pelo
que dizem, que isto não é nada... Acredito, sem pestanejar!
Mas este ano, forte
na seca, está a dar mesmo escassez a sério de água. E escassez aqui é ser
reduzida para quem pode e inexistente para quem não pode, isto é, para alguns
milhões de pessoas, que só em Luanda, com capacidade para perto de um milhão de
habitantes…alberga quase oito milhões!
A par do barulho de fundo, para
compensar…o silêncio dos telemóveis, comunicações ausentes de sinal quase sempre, a internet quase inexistente, afinal o que
é isso numa cidade onde de um lado se despeja água mineral para as limpezas a que
chamamos básicas e noutro se morre á sede, por ausência de agua nas poças da rua!
Que força tem este povo, que com
um sorriso prossegue o seu dia, nas suas vendas de rua, na sua azafama de
candongueiro transportando gente e gente a toda a hora de um lado para o outro,
gente por vezes sem rota certa, que de certo apenas têm que … há que sorrir e
prosseguir…melhores tempos virão…apoiados na fé, numa religião própria, que em contraste com tudo o que lhes escasseia têm
em abundância e a vivem com sofreguidão.
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